Klaus “Tanne” Fichtel: a lenda do Schalke 04 que saiu da aposentadoria para defender o clube

A carreira do zagueiro que marcou época no futebol alemão também é manchada pelo escândalo da Bundesliga de 70/71

Sabemos que a Alemanha é muito marcada pelos ótimos zagueiros que nasceram no país. Podemos citar Werner Liebrich, que parou nada mais, nada menos que Puskás na conquista da Copa do Mundo de 1954 e Franz Beckenbauer, considerado o maior defensor da história. Porém, temos que falar de um zagueiro um pouco menos conhecido, mas que é uma verdadeira lenda para o Schalke 04. Klaus Fichtel é nosso personagem de hoje.

Oriundo da cidade de Castrop-Rauxel, pertencente ao estado da Renânia do Norte-Vestfália, Klaus Fichtel nasceu em 14 de novembro de 1944 e desde pequeno já levava jeito para o futebol, fazendo parte do Arminia Ickern nas categorias de base, clube que defendeu até a temporada 64/65. Sua saída da equipe formadora tem papel importante de Fritz Langner, então técnico do Schalke 04, quando viu no jovem uma boa oportunidade de contratação. Detalhe importante é que Fichtel trabalhava como minerador quando assinou com os azuis de Gelsenkirchen, clube fundado por mineradores.

Seu início com a camisa do S04 não foi muito bom em relação a posição na tabela. O clube terminou a Bundesliga em 14º lugar e sua participação na Copa da Alemanha (DFB-Pokal) parou nas oitavas de final frente o vice-campeão Meidericher SV, numa goleada por 6x0. As temporadas seguintes continuaram ruins para os lados do Schalke 04, lutando somente pela DFB-Pokal no biênio 68/69, quando chegou à final e foi derrotado por 3x1 pelo fortíssimo Bayern de Munique, de Franz Beckenbauer, mas sua primeira conquista estava por chegar.

Aos 27 anos, a zaga do S04 era liderada por Klaus Fichtel, mas o plantel contava com nomes marcantes do clube. Podemos citar os atacantes Stan Libuda e Klaus Fischer, que na temporada 71/72 lutaram pelas competições nacionais. Na Bundesliga, o clube amargou a segunda colocação, mas a glória do time estava reservada na Copa da Alemanha. Depois de uma semifinal histórica contra o Colônia, a final foi bem tranquila para os azuis reais. 5X0 frente o Kaiserslautern, assim conquistando a segunda DFB-Pokal da história do clube.

Com o S04 longe das lutas pelos campeonatos, Klaus Fichtel acertou sua transferência ao Werder Bremen na temporada 80/81. No clube do norte da Alemanha, “Tanne” fez 157 jogos com somente um gol, conquistando o título da 2. Bundesliga. 4 anos depois voltou a onde se sentia feliz, voltou à sua casa, voltou ao Schalke 04. Já com 39 anos, todos já sabiam que seu retorno seria mais para ajudar os novos companheiros de clube e encerrar a carreira. Fato que ocorreu em agosto de 1986, em partida que contou com as presenças de Johan Cruyff e Uwe Seeler.

Já como assistente do Schalke 04, Fichtel ainda teve sua última dança no clube. Por decorrência de vários atletas machucados durante a temporada 87/88, foi convocado para participar da metade final do campeonato. E quis o destino que seu último jogo fosse entre os dois únicos clubes que defendeu na carreira, Schalke 04 e Werder Bremen, em 21 de maio de 1988.

Escândalo da Bundesliga

Para quem acompanha com mais afinco sobre o futebol alemão sabe que houve, em 70/71, a maior fraude dos gramados germânicos. Jogos e jogadores corrompidos para favorecimento de resultados, e um desses atletas que se comprometeu com a farsa foi Klaus Fichtel, que na derrota por 1x0 contra o Arminia Bielefeld armou para a derrota do S04. Fitchel foi suspenso, e um capítulo inusitado é que o jogador estava construindo uma casa em Waltrop, e a revolta entre os torcedores era tão grande que sua residência foi pintada com os dizeres “Arminia Bielefeld está construindo aqui”. Contamos alguns dos detalhes sobre o ocorrido aqui: https://fcschalke04brasil.wixsite.com/s04br/post/a-mancha-de-71-50-anos-do-maior-esc%C3%A2ndalo-da-bundesliga

Seleção Alemã

Convocado no período de 1967-1971, o zagueiro fez parte de uma boa geração alemã que foi 3ª colocada na Copa do Mundo de 1970, no México, atuando como titular em cinco das seis partidas disputadas pela Mannschaft no torneio, que teve o Brasil como grande campeão. Sua passagem pelo selecionado germânico contou com sua presença em 23 jogos, com direito a um gol.