Os desdobramentos da venda do E-Sports do Schalke 04
- Schalke 04 Brasil
- 1 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de fev. de 2023

O antes
Não é novidade para ninguém que o clube de Gelsenkirchen vem passado por diversas dificuldades financeiras e esportivas nos últimos anos com uma dívida que cresceu e hoje se aproxima de €200 milhões de euros e com isso para aliviar as suas finanças o corpo diretivo do clube a alguns meses discute uma provável venda da vaga na Liga Profissional Europeia de League of Legends, a LEC.
No início de junho, o jornal Bild, informou que o clube estaria disposto a vender sua vaga na liga e estimou o valor dela em €30 milhões de euros, aproximadamente R$ 177 milhões de reais, tendo em vista que o clube adquiriu a vaga em 2019 no valor 8 milhões de euros na liga franqueada. No último dia 13 de junho, o Schalke 04 realizou uma coletiva de imprensa sobre o tema. Alexander Jobst, diretor de comunicação e marketing geral do clube, tomou a palavra, afirmando que “provavelmente” o clube iria se separar dos E-Sports: “sempre dissemos que a venda (de peças) da divisão E-Sports é uma oportunidade de gerar receitas adicionais. Informamos o público quando tal venda ocorra, não há nada mais a dizer sobre isso em primeiro lugar”, disse Jobst.

O depois
Na última terça-feira (29), o clube tornou oficial a venda definitiva dos direitos da franquia. Com a venda do direito de participação no LEC à organização suíça de esportes, a Team BDS, os mineiros alcançaram um valor considerável de 26,5 milhões de euros como receita líquida. A transferência dos direitos de licença entrará em vigor na primavera europeia de 2022, entre abril e junho. Isso significa que O Schalke se despede da principal competição europeia da League of Legends após quatro anos nela. A decisão sobre a continuação do envolvimento nas plataformas futebolísticas, como FIFA e PES (categorias que o clube também possuía setor de E-Sports participativo) ainda está pendente de veredicto, isto é, podem continuar funcionando ou não, onde tudo irá depender de como o clube irá se recompor financeiramente nos próximos anos.
"Os efeitos econômicos da pandemia corona e o fracasso em atingir as metas esportivas no core business na temporada 2020/2021 tornaram a decisão necessária", explica o Dr. Claudio Kasper, diretor administrativo do FC Schalke 04 E-Sports. “Com o investimento perspicaz na franquia da desenvolvedora de jogos Riot Games, adquirimos um ativo em 2018 que se valorizou enormemente em um período muito curto de tempo. As condições econômicas gerais do clube mudaram enormemente nos últimos meses. Após uma análise cuidadosa, chegamos à decisão conjunta de abdicar do ativo existente que o E-Sports inevitavelmente oferece, a fim de resgatar os fundos necessários com urgência para a estabilização do negócio principal. A decisão de vender nossa posição inicial foi certamente difícil para nós, mas antes de mais nada, podemos simplesmente nos orgulhar do trabalho pioneiro dos últimos anos. Podemos ver pelo exemplo dos esportes eletrônicos do Schalke que a coragem de tomar decisões estratégicas consistentes é recompensada e a implementação sustentável compensa", comentou.
Tim Reichert, Diretor Executivo da categoria, também olha com orgulho para o trabalho dos últimos anos: “Com o E-Sports no Schalke, alcançamos algo excelente. Nossa entrada em League of Legends foi vista de forma crítica por muitos lados, mas fomos capazes de provar desde o início como nosso compromisso era voltado para o futuro. Em nome da administração, gostaria de agradecer ao Team BDS por sua confiança e, claro, à Riot Games por seu suporte extremamente profissional durante todo o processo de vendas. "
Por que a venda se fez necessária?
Para efetuar o cadastro federativo na 2.Bundesliga, todos os 18 clubes participantes precisam comprovar eficiência financeira para a federação. Isso significa que, ao divulgar suas contas e balancetes, sejam eles trimestrais, semestrais ou anuais, as equipes precisam provar à DFB que são autossustentáveis, isto é, conseguem se manter com as receitas que geram ao longo dos meses. Isso acontece em decorrência da regra do 50+1, que assola todo o futebol alemão, onde um clube não pode possuir algum terceiro que lhe forneça ativos e possua, ao mesmo tempo, mais de 50% dos direitos econômicos sobre ele (justificando o porquê de não vemos, na Bundesliga, bilionários comprando parte de ações de clubes, salvo raras exceções).
Sendo assim, o Schalke precisava, de alguma maneira, apresentar superávits em suas folhas que lhe dessem sustento para adequar-se à regra da Federação, tendo em vista que o rebaixamento e a desvalorização de seus atletas lhe trouxe um gigantesco e irreversível (com a queda) déficit, o que tornou o E-Sports o caminho mais fácil para isso. Com os quase 27 milhões de euros arrecadados pela venda da franquia, o clube agora respira aliviado e pode se planejar para a próxima temporada com tranquilidade, haja vista que, as equipes que não cumprem tal regra, ficam passíveis de perda de ´pontuação no campeonato, podendo variar de 1 a 6 pontos logo na primeira rodada da competição.
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